Mulher e negócios são termos que antigamente eram impensáveis de caberem na mesma frase. E nem é preciso voltar tanto tempo assim, afinal, faz menos de 100 anos que a mulher conquistou o direito ao voto no Brasil, sendo vista como uma pessoa importante.
Digna de ser tratada como igual pelo código eleitoral brasileiro, o que só veio a acontecer a partir de 1932. Sendo esse um dos primeiros passos para que houvesse ao menos o início do processo de entrada da mulher tanto no mercado de trabalho como na sociedade.
Um procedimento que continua a ocorrer até os dias de hoje, já que essa porta de adesão não está sendo tão igualitária como prometia, com o sexo feminino ainda encontrando os mais diversos tipos de desafios no que se refere ao seu crecimento como profissional.
Sendo mais difícil hoje encontrar mulheres ocupando grandes cargos no setor empresarial, como na área de contabilidade para empresas, ou até mesmo na cadeira da presidência dessas companhias, que acabam por privilegiar a posição masculina nesses espaços.
Muitas vezes não de forma declarada, mas por sistemas enraizados que acabam por privilegiar o papel das mulheres no mercado profissional, eliminando-as do processo seletivo para uma vaga por uma série de concepções já estabelecidas no setor comercial.
E da mesma forma que é difícil para uma mulher entrar em uma companhia, é mais complicado ainda crescer dentro dessa empresa, já que todas as suas oportunidades acabam por ser desfavorecidas em relação aos seus colegas homens.
Com eles conseguindo crescer nessas organizações em um tempo muito mais rápido do que suas colegas femininas, mesmo tendo entrado nessas empresas em um tempo posterior às mulheres que se encontram atuando nessa companhia.
Isso tudo dentro de uma realidade na qual empresas conseguem identificar as melhores possibilidades comerciais ao seu negócio, através de uma analise de risco, mas segue a fechar os olhos para a situação da mulher no mercado de trabalho.
Ou seja, é como se houvesse uma atitude proposital por parte dos administradores de uma empresa, que optam por ignorar os problemas relacionados à realidade dessa companhia, principalmente no que se refere ao espaço da mulher nessa empresa.
Nesse caso a ausência delas, por mais que possam ser úteis assim como qualquer companheiro que possa usar o seu cartão de acesso por proximidade para entrar nas dependências deste estabelecimento comercial.
Destacando assim os desafios da mulher diante a vida profissional sendo não só grandes, mas também associados a um grande histórico de falta de reconhecimento.
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A luta da mulher para entrar no mercado
Por muitos anos o único trabalho disponível para as mulheres eram aqueles voltados à manutenção do lar, como cuidar dos filhos, arrumar a casa ou preparar a comida para a recepção dos maridos e das crianças, ao chegarem do trabalho e da escala.
O problema não está nas atividades em si, mas sim nessa ser a única opção disponível para essas mulheres, que eram negadas a ter a possibilidade de conquistar uma carreira própria, alcançar seus sonhos profissionais ou no mínimo ter um independência financeira.
Sendo pessoas invisíveis para o mercado e para a sociedade, agindo apenas como uma servente até mesmo para os indivíduos com os quais elas dividem um lar, cuja única função era manter o tampo de mesa vidro limpo em sua casa.
Uma realidade que no Brasil só passou por mudanças a partir da constituição de 1934, que passava a reconhecer os direitos da mulher a entrar no mercado de trabalho, visando também o processo de industrialização do país.
Existe a necessidade de ampliar o número de pessoas a trabalhar nas fábricas, para suprir a demanda das empresas. Em um processo que só passou a ser oficialmente regulamentado a partir da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943.
Lembrando que esse processo de reconhecimento da mulher no trabalho foi muito exclusivo das mulheres brancas, pois o público negro continuava a sofrer com os desafios herdados do tempo da escravidão, sem uma parcela até então ignorada pelo mercado.
Mas não é como se a situação tivesse mudado muito nos últimos anos, de acordo com o que aponta o Global Gender Gap Report de 2020, o Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero a ser realizado pelo Fórum Econômico Mundial.
Esse estudo aponta que o Brasil ocupa a 130ª posição, no que se refere ao nível de desigualdade no mercado de trabalho entre mulheres e homens. Isso em uma lista que abrange a média de 253 países.
E mesmo as mulheres que conseguem entrar no mercado profissional, após o mesmo tipo de formação técnica alcançada pelos seus colegas homens, ainda existe um desafio à mais que a sociedade costuma colocar nos ombros das mulheres.
O preconceito profissional contra as mulheres
Se no século XXI é comum vermos as mulheres exercendo diversas atividades no mercado de trabalho, não é como se ela fosse vista de maneira igualitária, existindo certas exigências sociais que continuam a ser restritas ao gênero feminino.
Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho era de se esperar que as atividades domésticas passassem a ser compartilhadas com os seus parceiros, mas a realidade é outra, estando longe de uma terceirização serviços gerais.
Além de realizar suas tarefas de trabalho, a sociedade continua a exigir que a mulher ocupe o papel de dona do lar, responsável por criar os filhos, arrumar a casa, entre outras atividades domésticas, tudo a ser concluído por essas mulheres.
Tudo a colocar mais responsabilidades para cima da mulher moderna, que se encontra em uma rotina excessiva de tarefas, dentro de uma vida completamente atarefada. E mesmo com todo esse trabalho extra, não é como se o mercado profissional as reconhecesse.
Existe no campo profissional um certo tabu ao que se refere a contração de mulheres, muito como consequência dessa situação atarefada à qual as mulheres são incumbidas, se comparadas aos seus parceiros masculinos.
E justamente por essa preocupação extra em cuidar dos filhos e da casa que o mercado costuma dar preferência ao gênero masculino, com a desculpa de que essa parcela terá mais tempo para se dedicar às atividades relacionadas ao seu emprego.
O que só é possível graças ao fato de que todas essas tarefas domésticas acabam parando no colo das mulheres. Isso sem contar com a insensibilidade do mercado, que opta por não contratar mulheres por causa de um afastamento natural, diante uma possível gravidez.
Existe hoje um comum processo de humanização das marcas, com uma assessoria ambiental se relacionando melhor com o seu público externo. No entanto, com a situação muda para o campo interno, muitas empresas não possuem essa mesma compreensão.
Mesmo com todas essas dificuldades, o público feminino segue em sua luta por encontrar um mercado de trabalho igualitário, permitindo que as mulheres hoje consigam ocupar espaços que antes eram exclusivos ao gênero masculino.
Um mercado nada igualitário
Apesar de toda a dificuldade que a mulher tem de prosperar dentro do ambiente de trabalho, hoje existem poucas restrições legais à entrada delas no mercado, existindo apenas uma exclusão social, mais ligada aos costumes gerais.
Não existe a proibição de que uma mulher participe de um treinamento de brigada de incêndio, porém, seguem a dominar certas restrições sociais, o que acaba por fazer ser menos comum encontrar uma mulher exercendo a profissão de bombeira.
Mas de fato existiram restrições legais que no passado impediam a mulheres de ocuparem cargos em locais como:
- Polícia;
- Bombeiros;
- Mercado de valores;
- Cargos políticos.
Sendo ambientes que até hoje costumam ter suas vagas preenchidas em grande parte pelo público masculino, ainda mais em atividades no qual é necessário um maior tipo de esforço físico, com o preconceito que a sociedade tem em cima dos corpos femininos.
Existe um receio por parte dos consumidores ao verem uma mulher instalar uma bomba para poço de água em seu terreno, como se esse trabalho fosse ser feito de maneira menos eficaz somente por se tratar de uma mulher exercendo tal atividade.
Por mais que existam condições físicas distintas entre homens e mulheres, não é como se elas fossem de fato tão impactantes para o mercado, ainda mais com a segmentação de atividade que existem em qualquer tipo de mercado.
O que real existe é um precocneito em cima da mulher no campo de trabalho, optando por enxergá-las somente com a estigma do sexo frágil, por mais que essa parcela da sociedde já tenha provado por muito tempo como elas são um público de força extensa.
Seja física ou emocional,afinal são poucos homens que conseguiram triunfar diante o excesso de tarefas profissionais e domésticas que são atribuídas à sua vida.
Dessa forma é possível afirmar que o maior desafio para a mulher moderna não é de conseguir cumprir suas tarefas, mas sim a falta de reconhecimento que o gênero possui, mesmo ao realizar até mesmo de forma avançada suas respectivas atribuições.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.